3.12.05

Trilho do Azevinho...ou da "Tortura"? - 1 Dez 2005

De criança e de louco todos temos um pouco...
Nunca com tanta realidade foi dada razão a essa frase.
Foram vinte os audaciosos "loucos" que decididos se lançaram serra acima, em busca do nada, mas colhendo tudo - chuva, vento e frio intenso. Mas vamos à história...!
A chuva miudinha e o nevoeiro baixo não eram bom presságio, mas ninguém se "encolheu" e diziam - vamos em frente!
A meia encosta a chuva foi substituida por nevoeiro denso, mas a chegada ao Prado Mourô iniciou a "tortura" prevista. O vento iniciou a sua tarefa enregelante e a temperatura desceu para os três graus. Prosseguimos pela encosta da Lomba do Pau e na travessia da zona pantanosa, quase era necessário o "barco" que não havia e um dos escuteiros quase "visita" o ribeiro. Aqui, já as capas novas em folha, eram autênticas bandeiras em farrapos desfraldados, as roupas podiam ser colocadas no estendal e as botas mais não eram que ruidosos depósitos de água emitindo um ruido característico "chlap, chlap, chlap".
Atingido o ponto mais elevado do percurso - 1416 metros - a temperatura desceu para 1 grau, o vento soprava a 47 kms/hora e o "factor de arrefecimento" provocado era de 15 graus negativos. Bonito! Iniciada a descida para o Curral de Pedra o trilho parecia um ribeiro e amontoados no recanto exterior da cabana, pouco se conseguia falar e muito menos comer ou beber, devido ao frio que enregelava as mãos.
Partimos para o Prado da Messe e alguém comentou que "o Rei não estava por ter ido caçar tordos..." mas os risinhos amarelos denotavam o estado de espírito dos caminheiros. Pudera!
Subimos a caminho da Mata de Albergaria, mas os "guias" adiantados conduziram-nos para apreciação da espectacular cascata que descia da montanha em frente. O Pedro orientando pelo GPS confirmou o caminho certo, e nesse momento, eu confirmei a sua opinião "aterrando" com alguma violência numa cambalhota "sofisticada" à rectaguarda. Ninguém "gozou", mas os risinhos disfarçados diziam do estado de "contentamento" dos assistentes. Mas adiante...
Descemos depois Albergaria e ficou a imagem do rio violento que descia dos penhascos até ao Homem. Na descida, foram postos à prova os pobres joelhos, martirizados depois de tanto sofrer com o frio, mas a chegada à estrada foi motivo para os sorrisos serem mais felizes.
Quase não conseguimos falar em grupo, e a proximidade do regresso ao aconchego do lar restituiu forças e ânimo. Mas que foi uma jornada para recordar, lá isso foi. Aos nossos acompanhantes que de forma tão implacável tiveram o seu baptismo em montanha, apenas podemos dizer - Parabéns-, admirando a forma corajosa como resistiram ao frio e ao cansaço.
Apenas o registo de um caminheiro comentando a afirmaçao do veterano que dizia: "Este teste foi um pouco violento". Chama teste a isto...? Foi uma "tortura..."
Reconheço que jamais este dia será esquecido pelos novos aventureiros, pelo muito que tiveram de sofrer, e pelo nada que conseguiram apreciar... apenas chuva, frio e vento! Mas venceram...
Até 2006 e Bom Natal.